quinta-feira, 8 de maio de 2014

Naquela manhã eu era o Indiana Jones!


A trilha no Corcovado é uma aventura mais do que recomendada. Já tinha ouvido falar desta forma de chegar ao cartão postal número um da cidade, a estátua do Cristo Redentor, mas também me disseram que seria muito duro e exigiria alguma preparação. Fiquei a matutar nisto alguns meses e finalmente ontem decidi abraçar o desafio mesmo sem nunca ter feito nada do género.


A altitude da montanha é de 704 metros começando no Parque Lage (lugar ao qual dedicarei outro post) e a distância total são 2.240 metros até o topo. 

Logo à partida quase me perco pois o início da trilha não está bem assinalado, assim como todo o caminho no qual só encontrei três placas. Ao perguntar a direcção certa aos seguranças do parque consegui chegar ao bem dito local.

Antes de começar a trilha deve-se passar por uma pequena cabana ainda no Parque Lage e dar ao segurança que lá se encontra o nosso nome e um número de telefone de emergência caso algo aconteça. O senhor perguntou se estava acostumada a fazer este tipo de coisas pois a trilha era "muito dura" e consideravelmente "perigosa". Respondi que era a primeira vez e pedi-lhe um mapa, ao que ele me negou por não ter nenhum e com cara de gozo desejou-me "boa sorte".

Fiquei a pensar que utilidade tem este segurança se nem um mapa ou conselhos pode dar a alguém que vai fazer a trilha. E se no final da mesma não está ninguém a registar a saída dos caminhantes, para quê ficar com o registo dos nomes?...

Cheia de adrenalina decidi tomar o caminho saindo à direita da cabana. A mata era um pouco fechada mas felizmente o caminho era único e não havia como me perder. Após cerca de 20 minutos de caminhada fácil encontrei a primeira cascata de água bem fresca. Outros 20 minutos decorridos, um segundo riacho e o início de outra trilha, esta mais íngreme e de difícil acesso. Aqui começou a aventura pois foi preciso fazer escalada e usar o apoio de troncos de árvores para ganhar impulso e/ou equilíbrio. Pensava que esta parte era curta e a cada 20 metros olhava para cima à procura do fim mas este só veio uma hora e meia depois! 

No entanto, a compensação foi bem grande pois deu para aproveitar as belas vistas que a natureza oferecia e ainda ter um encontro 'cara a cara' com um mico-estrela-de-tufo-branco que veio comer uma uva-passa na minha mão. 

Continuando o caminho, surge a hora de escalar umas pedras com a ajuda de uma corrente. Quase no topo cruzo com o trilho do Bondinho (o comboio que leva os turistas ao Cristo) e continuo pela mata atlântica mais um pouco até chegar a uma estrada e cinco minutos depois estou aos pés do Redentor. 

Foram duas horas e vinte minutos de caminho que não achei assim tão difícil. Mas confesso que depois de toda a trilha acidentada e avistando lá de cima a distância percorrida senti que naquela manhã eu era o Indiana Jones!
















1 comentário: