quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Esfregona?Que é isso?

Às vezes somos as pessoas mais sortudas do mundo e nem nos apercebemos. Temos tudo à nossa volta para nos facilitar a vida e tomamos por garantido que todas as outras pessoas têm o mesmo. Eis um exemplo:

Foi preciso chegar ao Brasil para perceber que a esfregona é um artigo de luxo e o aspirador coisa de gente rica! Demorei três dias para conseguir achar um balde com esfregona e encontrei-os numa loja de artigos diferenciados por cerca de 40 euros. Nesta altura logo percebi o porquê da nossa diarista (empregada de limpeza) nunca ter visto uma e continuar a insistir para usar panos para limpar o chão de gatas.

Ficou desconfiada quando lhe apresentei o equipamento de limpeza: "Esfregona?Que é isso?". E em seguida riu-se como que embaraçada...mas algumas semanas depois aprendeu a usar e agradecia-me tanto cada vez que cá vinha a casa que parecia que lhe tinha oferecido um carro ou algo do género.

Com o aspirador também foi a mesma 'ginástica' mas lá consegui convencê-la e agora em vez de passar oito horas cá em casa só precisa de quatro.

Espero que vos ajude na próxima vez que tiverem de fazer limpezas saberem que uma esfregona é um item de luxo para milhares de pessoas. Confesso que nunca tinha pensado nisso porque sempre cresci com uma em casa e por isso hoje quando olho para ela sinto-me grata.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Cariocas: mestres na arte de receber

Cristo Redentor da janela da sala
Chegar ao Rio de Janeiro em Novembro é o melhor que pode acontecer a um Zé emigra. Especialmente para quem adoooora praia! Que é o nosso caso.

O Verão estava a começar quando aterrámos na cidade maravilhosa, já por si um um sinal de boas vindas. Mas deixem-me falar-vos dos cariocas: mestres na arte de receber, jogam charme em tudo o que dizem. Talvez seja aquela forma de falar açucarada que deixa o discurso 'gostoso' mas uma coisa é certa, são muito prestativos e fazem-nos sentir especiais.

Adoro sair à rua e nos cinco minutos de caminho para a padaria, que aqui significa pastelaria/café, três ou quatro pessoas já meteram conversa connosco. E quando descobrem que somos portugueses, aí a "festa" aumenta porque tem sempre alguém que é neto, sobrinho ou filho de português que acaba contando um pouco da sua ligação à nossa terra.

Numa destas conversas de rua aprendi que os nascidos na cidade do Rio de Janeiro são chamados de "cariocas" devido ao Rio Carioca, que fornecia água potável à população.

A maioria dos taxistas que tenho conhecido também são extremamente simpáticos e conversadores. Contam um pouco da sua história, perguntam sobre a nossa, dão dicas sobre o que de melhor se pode fazer aqui e o que não arriscar. E quase todos dizem: "muito bem vindos", "boa sorte", "que sejam muito felizes aqui", "espero que gostem da estadia", etc. O tipo de coisas que na Europa só ouvimos num hotel acima de três estrelas.

Da janela da cozinha o morro 'Dois Irmãos'
Um destes taxistas contava-nos ontem que em cada sete pessoas que encontramos nas ruas do Rio, apenas uma é carioca. Aqui, como em quase todas as grandes cidades do mundo, há uma grande variedade de nacionalidades a coabitarem e tudo começou porque esta era a porta de entrada do Brasil e o palco dos mais importantes momentos políticos da formação do país: capital do vice-reinado, corte imperial, capital da República.

Por volta de 1800, milhares de imigrantes 'ancoraram' no Rio. Também nesta altura, a vinda de mercadorias estrangeiras bem como as facilidades económicas contribuíram para alterar a vida dos locais da zona sul do Rio de Janeiro. Cá para mim, foi aqui que os cariocas começaram a dar os primeiros passos na arte de bem receber.




sábado, 18 de janeiro de 2014

Oh la la!

Ser Zé emigra nos dias que correm é algo cada vez mais comum. Ouvimos muitas histórias de amigos e familiares espalhados pelo mundo e pessoalmente nunca me canso de saber mais. Nestas histórias aprendemos e crescemos. Certas comparações com a nossa cultura fazem-nos rir, outras entristecem-nos, mas o importante mesmo acho que é partilhar. Por isso resolvi criar este espaço para contar as nossas "aventuras" na esperança de poder ajudar quem se encontra na mesma situação ou simplesmente divertir quem vive uma realidade diferente.

Quando as coisas começaram a apertar em terras lusas fizemos as malas e fomos à procura de um futuro melhor noutras bandas...

O Gui tinha dois meses quando emigrámos para Menton, em França. Ficámos lá oito meses e posso dizer que foi uma experiência muito positiva. A rapidez e facilidade da integração depende de cada pessoa e no meu caso até que foi bem fácil contando que não falava nem entendia patavina de francês quando lá cheguei!

Não fiz amigos, apenas alguns conhecidos, mas também na época tinha um bebe muito pequeno para cuidar e dedicava-me inteiramente a ele, que só me tinha a mim para isso. Para dizer a verdade, também não é muito fácil criar laços com franceses, pelo menos os daquela zona. Parecem-me bastante reservados e com pouco senso de humor. De qualquer forma, no tempo que lá estivemos, consegui entrar na equipa de basquete feminina de Roquebrune e tirar um curso de nível intermédio de francês.

Um aspecto que dificulta a vida de um Zé emigra nesta terra é o preço muito elevado de tudo, mas mesmo tudo, desde o pão, a fruta, os legumes, o peixe às bebidas alcoólicas, tabaco e roupas. E algo que achei inacreditável foi a demora para instalar internet, TV e telefone em casa, quase dois meses de espera!Por aqui a burocracia é rainha e o atraso rei.

De qualquer modo, a nossa vida na côte d'azur foi muito gratificante. O local dá acesso a visitas míticas, como ao Mónaco, Nice, Cannes, Sanremo, etc. A beleza estonteante das paisagens, a combinação entre praia e montanha, a segurança e a limpeza dos locais onde passeámos deixam um portuga bem à vontade. Caso para dizer: Oh la la!

Factos curiosos de Menton:
É a unica região em França onde frutificam os limoeiros graças ao seu microclima incomparável
As pessoas usam carrinhos (de bebé) para passear os seus cãezinhos
Não se pode estender a roupa fora da janela, só dentro de casa ou da varanda
Nas pastelarias e padarias não se entrega o dinheiro na mão de quem nos serve mas numa máquina junto à caixa registadora que nos dá o troco

Numa das praias de Menton com "areia"