quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Natal? Só nos shoppings!

No Shopping Leblon
Falta menos de um mês para o Natal e não sinto nem uma ponta do espírito festivo típico desta altura. Eu que sempre adorei esta época do ano com "as desculpas" para comprar um monte de presentes ou de fazê-los eu própria, digo-vos agora que nem tenho vontade de pensar em alguma prenda, quanto mais comprá-la ou fazê-la... Escusado será dizer que aqui em casa não tenho uma única peça de decoração natalícia exposta.

Tudo tem uma razão: Ora aqui no Brasil é difícil conceber a ideia de Natal que um português sempre teve, isto é, com as rabanadas típicas ou os sonhos de abóbora, com aquele frio e chuva que acompanham os dias mais pequenos e cinzentos, com o cachecol e o gorro de lã, com o cheirinho do pinheiro em casa, com a lareira acesa e com o presépio e as luzinhas que enfeitam as cidades.

Tirando a famosa árvore gigante que irá ser inaugurada este sábado no meio da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro não há luzinhas a enfeitar as ruas, não há rabanadas, não há presépios, não há pinheiros, andamos de chinelos e semi-nus pois estão 30 graus e um sol de cegar qualquer um que saia à rua sem óculos escuros. Acham que o cenário combina com o Natal?

Árvore na Lagoa o ano passado
Como este é um país de contrastes tal facto não deixaria de afectar a época festiva. Se entrarmos em qualquer shopping estamos noutra dimensão, onde aqui sim, encontramos "o Natal". Para começar, quando entramos estão 17 graus de temperatura, o que é um choque para quem vem de chinelos e T-shirt da rua onde estão 30. Depois, a decoração é tão massiva, estilo americano mesmo, GRANDE, com renas que se movem, pais Natal sentados à porta de casa a tirar fotografias com cada criança da fila... Por momentos somos mesmo aliciados a gastar dinheiro. Afinal, acho que é esse o propósito do aparato. Saindo do shopping...é Verão! E portanto não é Natal. 

Não pensem que me queixo, nada disso, gosto mais do calor do que do frio. Mas confesso que o Natal aqui não tem piada. Este seria o segundo que aqui passaria não tivesse já o bilhete comprado rumo ao meu querido Portugal, às doces rabanadas e à impagável reunião familiar na consoada coroada com um belíssimo bacalhau. Não me apetece dar nem receber prendas, este Natal só quero estar com quem me ama e com quem amo, de volta ao aconchego do ninho. 

Feliz Natal a todos!