domingo, 1 de março de 2015

Venha daí esse bebé (luso)carioca

Se a vida de Zé Emigra desta família já tinha algumas cenas (no mínimo) cómicas no seu dia-a-dia no Rio de Janeiro, em breve vai ficar ainda mais 'incrementada' com a chegada de um novo membro.

Começa logo com a saga implacável para encontrar um médico que faça um parto normal. Sim porque aqui não é certo (ou quase certo) que quando uma mulher engravida possa ter este tipo de parto. E agora é este o meu caso. Em cinco meses de gravidez já mudei de obstetra quatro vezes! Ou porque o especialista diz que não posso engordar mais de nove quilos a gravidez toda ou porque fala bem de mais da cesariana.

Não sei se sabem mas o Brasil tem o mais alto índice de cesarianas do planeta, são cerca de 80% dos partos em hospitais particulares (que equivalem aos nossos públicos em termos de qualidade). Já na rede pública a percentagem é superior a 40, muito acima dos 15% considerados razoáveis de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

A questão aqui é que se torna mais prático para médico e paciente fazer uma cirurgia de uma hora do que dedicar 12 horas a um trabalho de parto – pelo qual, aliás, o médico recebe menos –, cancelando um dia inteiro de consultas. Também muitas gestantes veem na cirurgia menos dor e mais segurança pois nos hospitais privados não há profissionais especializados de plantão 24 horas, como os anestesistas por exemplo, tudo tem de ser agendado. Por fim, há cada vez menos maternidades para parto e uma forma de garantir uma vaga num bom hospital é marcar e fazer a intervenção. Ou então acontece como o caso da minha amiga que recentemente teve o seu bebé no chão da maternidade por não haver camas livres. Note-se: essa maternidade é privada, ela pagou cerca de dois mil euros pelo parto que enfim foi normal como ela queria...mas no chão!

Ora é neste mesmo hospital que o meu bebé vai nascer... Quanto ao obstetra, encontrei uma médica que me parece ‘normal’ e a favor do parto normal, o que já não é mau mesmo não garantindo nada. E enfim, com a coragem que define todos os Zé Emigras e o positivismo próprio da minha personalidade resta esperar o melhor e que venha daí esse bebé (luso)carioca cheio de saúde!

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